Tornar-se uma viúva não é fácil hoje em dia. Mas naquela época era mesmo muito mais difícil. As viúvas eram alvos fáceis de homens inescrupulosos que as frequentemente exploravam em troca de favores sexuais ou ganhos financeiros. As viúvas não tinham direitos e eram inteiramente dependentes da ajuda de suas famílias. Noemi, que não era de Moabe, estava desamparada naquele lugar, pois não tinha família lá. Seu único recurso era retornar para Judá. Da mesma forma, Rute era uma viúva, não era de Judá e igualmente não tinha direitos. Sua única proteção viria da família de Noemi.
Rute 1.1-18; 4.13-17
O livro de Rute tem um final feliz por causa de um costume de Israel antigo. De acordo com este costume, um parente mais próximo tinha o direito de comprar a terra e a propriedade de um familiar falecido. Se este parente mais próximo escolhesse não comprar a terra, o direito passava para o segundo parente mais próximo e assim sucessivamente. A viúva fazia parte da “propriedade”.
Noemi usou isto a seu favor para que Boaz (um parente próximo de seu esposo) que era rico e solteiro, se interessasse o suficiente por Rute para que ele comprasse a propriedade de Elimeleque, que incluiria o direito de se casar com Rute. Deste casamento nasceu um bebê chamado Obede, para a alegria de toda a família.
Entretanto, o ponto central da história ainda não foi tocado. O livro de Rute não é apenas uma história de final feliz sobre uma mulher de Judá que imigrou para Moabe, sofreu todo o tipo de infortúnio, que retornou a Judá com sua nora e que ainda foi capaz de vê-la casar e “ser feliz para sempre”. Esta seria tão somente uma história feliz se fosse só isso. A questão central de Rute está na última frase do capítulo 4.17: “As vizinhas lhe deram nome, dizendo: À Nloemi nasceu um filho. E lhe chamaram Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi”. O filho de uma mulher estrangeira tornara-se o avô do grande rei de Israel e, portanto, a partir dele seguiram-se outras gerações até nascer Jesus. Este é um ponto da maior importância. Jesus, o Rei dos Reis, o nosso Salvador, tem suas origens numa mulher estrangeira, fora da linhagem nobre de Israel.
Nós não superamos todo o preconceito para com aqueles que são diferentes. Você não conhece alguém cuja raça, nacionalidade, religião ou outros aspectos não o fazem bem aceito em posições que ocupa? Alguns grupos de pessoas nunca tiveram (e provavelmente não o terão tão cedo) um representante na presidência ou vice-presidência de uma grande nação como os Estados Unidos ou o Brasil. Alguns tipos de “estrangeiros” também não seriam bem-vindos como pastores ou como seu parente. Nós ainda necessitamos de pioneiros para quebrar os estereótipos (modelos) e influenciar nosso tempo, assim como Rute influenciou Israel.