A ideia do Deus que ama, embora não completamente ausente em outras religiões nos tempos de Moisés, não era um entendimento muito comum da maneira apropriada de se relacionar com a divindade. As pessoas tinham de temer os deuses, tinham de procurar não molestá-los, tinham de obedecê-los e cultuá-los. Mas nunca amá-los. Contudo, mais e mais no antigo testamento, Israel é chamado a amar a Deus. Muito frequentemente, o mandamento para amar a Deus é seguido pelo mandamento de guardar as leis do Senhor.
Deuteronômio 6.4-5
Esta abordagem não nos soa estranha hoje. Estamos acostumados a esta ideia. Jesus disse: “Seme amais, guardareis os meus mandamentos”(João 14.15). Mas no antigo testamento o escritor de Deuteronômio não tinha 2.000 anos de cristianismo atrás dele. Ele estava arando uma nova terra. Todavia, estava também convencido de que a razão mais apropriada para obedecer a Deus é porque nós o amamos, não porque tenhamos medo dele ou porque queiramos ganhar algum favor. Este entendimento em nenhum momento nega ou deprecia o fato de que nossa postura é de respeito e reverência para com Deus. Não ter respeito a Deus é esquecer que Ele é Senhor. Entretanto, Deus requer que nossa reação primeira para com Ele inclua amor e gratidão, assim como respeito. Este amor, esta gratidão e este respeito levam-nos a obedece-lo e a cultuá-lo.
Amor é compromisso. Nas relações humanas, quando um homem e uma mulher amam-se profundamente, seus sentimentos podem levar a um compromisso que cada um faz ao outro, um compromisso para toda a vida. No âmbito da relação de Deus conosco, o mútuo compromisso é chamado de pacto. Um pacto é também uma aliança para toda a vida na qual nós cumprimos a nossa parte com a obediência. “Ouve, Israel” não é meramente compreender intectualmente o que seestá dizendo, é responder em obediência. Por esta razão, os antigos rabinos (sacerdotes judeus) insistiam que Deuteronômio 6.4-9, assim como Deuteronômio 11.13-21 e números 15.37-41, fossem recitados pelos judeus homens nas orações matutinas e vespertinas. No sábado, estas palavras eram usadas para abrir a celebração nas sinagogas (templos judaicos). Os judeus ortodoxos, assim como alguns conservadores e reformistas, ainda seguem esta tradição.
Muitos de nós hoje não praticamos nenhum ritual em nossas casas ou seguimos algum padrão de comportamento que poderiam fixar nossas mentes em Deus. Infelizmente, devocionais pela manhã e à noite são em larga medida hábitos do passado, assim como leituras bíblicas, dar graças ao alimento e momentos regulares de ensinamento em nossas casas sobre os assuntos da fé. É verdade que tais práticas podem se tornar meros rituais e nada além disso. Mas temos de nos questionar se temos melhorado ou piorado a qualidade das nossas vidas ao abandonar tais práticas.